O gari Luiz Barros Fernandes consta como tendo recebido R$ 61 mil da
Prefeitura, através de licitação, para o serviço de roço e capinais,
como é chamada a limpeza das margens de estradas. Tudo isso aconteceu em
Cascavel, a 64 km de Fortaleza. Luiz, que só estudou até a 3ª série do
ensino fundamental, conta que não sabe o que é licitação e que nunca
recebeu R$ 61 mil da Prefeitura.
Para o presidente da Câmara Municipal
da cidade, Paulo Sérgio Arraes (PSC), o caso é de desvio de recursos
públicos. Ele e outros três vereadores assinaram a abertura de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso.
Os pagamentos da Prefeitura a Luiz Fernandes estão publicados no Portal
da Transparência, do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará
(TCM-CE). Luiz contou que foi convidado pela Prefeitura para realizar o
serviço - denominado de “roço” - e que chegou a fazer o trabalho, mas
que nunca recebeu as diárias que lhe teriam sido prometidas à época.
“Pouco tempo depois disso, eles (Prefeitura) me chamaram para ser gari e
eu passei a receber um salário mínimo, apenas”. O gari de 29 anos vive
na localidade de Curralinho, na zona rural, e reforça a renda da família
com a venda de porcos que cria no quintal de casa. “Esse valor de R$ 61
mil é suficiente para fazer roço na estrada até a cidade de Natal (Rio
Grande Norte)”, espanta-se o vereador Alberto Ramires (PT).
Na última segunda, o prefeito Décio Munhoz (PT) tentou se esquivar de
possíveis responsabilidades: “Lá no município eu não sou ordenador de
despesa. Meus secretários têm autonomia pra fazer o que quiserem”, disse
Munhoz, que atribuiu as denúncias à “questões políticas”. (O POVO Online/AVSQ).